Meu avô disse, certa vez, em toda sua simplicidade e sabedoria: "Dessa vida não se leva nada, a não ser aquilo que se come. Então, quando tiver vontade de comer alguma coisa, você deve comer". Passou pouco mais de um mês desde que ele se foi e, coincidência ou não, tenho seguido esse conselho ultimamente.
Estive com minha namorada na panificadora Deguste, no Centro de Ponta Grossa, ontem na hora do almoço. Não ia lá há bastante tempo. As mesas e cadeiras, que antes ficavam nos fundos [se não me engano], agora vieram para a parte da frente do estabelecimento. De aspecto rústico, não me senti incomodado com o visual do lugar. Só me incomodou um pouco o fato de eles "esconderem" os talheres em uma gaveta. Mas estou certo de que não vou me atrapalhar mais na próxima vez em que for até lá.
Ia pedir um copo de suco de laranja quando vi, na máquina, uma substância com cor de água suja.
"O que é isso?" - perguntei para a funcionária
"Cappuccino gelado - disse, e perguntou, com a expressão de quem já sabia a resposta - "quer experimentar?"
E descobri mais uma coisa boa de se provar. Embora faça a gente se sentir meio estranho, como quando provei um bolinho doce feito com feijão, iguaria interessante que minha vizinha japonesa tinha feito a gente experimentar lá em casa.
Nos últimos meses investi na experimentação de itens como sorvete coberto de chocolate quente, café quente coberto com chantilly gelado, torta holandesa, cappuccino com amarula, refrigerante de goiaba e sanduíche de banana com linguiça. E, se nem tudo é tão bom quanto o esperado, ao menos a experiência é interessante. E é nisso que consiste viver: em experimentar, aprender, conhecer, para poder dizer que a gente sabe do que está falando. E para poder lembrar do que é bom ou ruim, e do que queremos repetir ou evitar.
De fato, é possível estender ainda mais o ensinamento de meu avô. Provar uma comida ou bebida não é nada mais do que estimular nosso paladar, que também está relacionado ao olfato, à visão e ao tato. E, pensando bem, até a audição está presente nesses casos. Afinal de contas, alguém já comeu uma batata Ruffles sem crocância? Faz falta o barulhinho.
Por falar em Ruffles, no outro dia comprei na lanchonete Subway um pacote desse salgadinho, ao custo de R$ 1,50. Ao abrir, dei de cara [e fiquei de cara] com dez míseras fatias de batata. Ao custo de R$ 0,15 cada fatia de batatinha, isso faz a gente pensar. Só comemos aquilo que está ao nosso alcance. Só experimentamos aquilo que podemos. E só repetimos as coisas boas enquanto temos tempo para isso.
"Carpe diem" [aproveite o momento] parece a frase boba de alguém que tinha muito tempo sobrando. E talvez tenha sido. Mas o desafio é torná-la mais que uma frase, e trazê-la para o cotidiano. Muito do que é dito são apenas palavras. Muito do que fazemos é mais que isso. O sábado e o domingo são ótimos dias para descansar, sair com a namorada, ver filme no cinema, dormir até mais tarde. Mas não são dias melhores que os outros. O desafio é fazer a segunda-feira e os outros dias igualmente especiais.
Eis um desafio para a semana que está para começar.
E... chega de filosofia por hoje.
30 de jan. de 2010
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