13 de mar. de 2013

Ataque de animal


O ano 2013 tem sido o ano do ineditismo e da singularidade. Desde o dia 1º de janeiro, parece não passar sequer um dia, sem que algo extremamente novo, bizarro ou improvável aconteça. Isso ocorre em todos os níveis: do local ao universal, do coletivo ao pessoal.

Ponta Grossa viu, e compartilhou com outros países, inclusive, o surgimento do banheiro transparente no recém-inaugurado Centro da Música. Antes disso, o País ficou bobo, e a cidade parece não ter se recuperado até hoje, da história da vereadora que sequestrou a si mesma, criando o verbo ainda inexistente “autossequestrar”.

No mundo, um meteorito caiu na Rússia e feriu mais de mil pessoas, justamente à época em que um asteroide passava, mais perto do que nunca, da Terra. Pouco depois, o Papa Bento XVI surpreendeu a todos, renunciando ao cargo máximo da Igreja Católica, e quebrando uma tradição que se insistiu para que não fosse anulada na época do anterior Papa João Paulo II.

No Brasil, crimes que, há anos, aguardavam julgamento, vieram em enxurrada aos tribunais. Gil Rugai, acusado de matar os pais; o goleiro Bruno, acusado de matar a ex-amante; Mizael Bispo, acusado de matar a ex-namorada. Este último, marca história sendo o primeiro julgamento brasileiro transmitido ao vivo pela televisão e pela internet.

Outros fatos menores, alguns deles de importância apenas pessoal, não são registrados. Mas, veja, ontem estive na Vila Madureira para fazer reportagem sobre uma cratera que está engolindo uma rua inteira. No carro do jornal estávamos eu, o motorista China, o fotógrafo Clebert e o repórter Michael. Antes de irmos ao local da cratera, fomos em outro endereço, não muito longe daquele, para verificar um “ataque de animal”. Esse é o termo genérico que os bombeiros dão, normalmente, a um ataque de cachorro contra uma pessoa.

Não havia ninguém no tal endereço e, então, seguimos até o endereço de minha pauta. A cratera era enorme, e já tomava metade da rua. A prefeitura havia feito barreiras de concreto para evitar a passagem de veículos pelo local, postergando, assim, o aumento da erosão.

Enquanto Clebert fazia as fotos do local, eu procurava algum morador local que pudesse falar comigo sobre o problema. O chamado “personagem” não apareceu. Em todas as casas, as portas, vidros, cortinas e cadeados estavam fechados. Bati palmas, sem ser atendido. Quando fui fazer a tentativa diante de uma funilaria, onde havia apenas um rapaz trabalhando, um cachorro branco rosnou para mim.

Não liguei para o fato porque, em toda minha vida, sempre acreditei (e sempre funcionou) que se ignorasse o animal, ele não atacaria. Pelo menos, no meio da rua, como era o caso. Mas, e não é que o cão me ataca e morde a minha perna? Pois e mordeu, mesmo!

Devo ter dito algo como “não acredito que esse cachorro me mordeu!”. Enquanto o Clebert ria, de longe, o cachorro parecia meio encabulado. Porque eu estava com minha calça jeans mais grossa, e os dentes não conseguiram chegar até minha perna. Apenas deixaram uma marca bem definida do jeans. Enquanto eu me recuperava do sentimento de incredulidade com o acontecimento, o rapaz saiu da funilaria e, ainda por cima, não quis dar entrevista.

Voltei para o carro ouvindo piadas de que, eu só tinha sido mordido por um cão, porque o Michael veio junto justamente para fazer a tal reportagem do “ataque de animal”. Para mim, foi apenas a primeira vez que fui mordido por um cachorro desconhecido, no meio da rua. Mas, já aviso... daqui pra frente estarei mais esperto, e o próximo vai levar bicuda!