27 de jan. de 2010

Transitions

Enfim, troquei de óculos. Depois de cerca de dois anos usando o tradicional modelo de aros pretos em acetato, que adquiri por influência de Clark Kent e [quem diria] José Wilker, aceitei o conselho do oftalmologista que, com expressão de reprovação, segurou meus óculos antigos e disse “você tem que escolher um modelo mais moderninho”. Além de sugerir uma armação menos “pesada”, ele também lembrou que óculos escuros e lente antirreflexo protegem melhor os olhos.

Sendo assim, e também seguindo o conselho da Pri, minha namorada, comprei o tal transitions. A lente que escurece quando entra em contato com raios ultravioleta. Tentei arrancar da vendedora a informação de como funcionam as lentes mágicas. Ela me enrolou por duas vezes. Na terceira, desisti de exigir a explicação. Mister M, revele-nos o seu segredo, ó mágico dos mágicos...

Quem explica é o Mister Google: “Na verdade, as lentes transitions contêm corantes fotossensíveis patenteados que fazem com que a lente seja ativada - ou escurecida - quando exposta aos raios ultravioleta da luz solar”. Entendeu? Nem eu... como uma lente pode ser fotossensível? Eis a questão que ainda não compreendo.

Bem, levou pouco mais de uma semana e meus óculos ficaram prontos. Assim que os coloquei, senti uma enorme diferença. Quase caí do degrau da loja onde os comprei. Mas estava enxergando com nitidez. E foi só ir no sol que os óculos ficaram escuros e eu fiquei de cara.

Eu deveria ter ido primeiro ao oftalmologista para que ele conferisse se estava tudo certo com o equipamento. Mas decidi usar a partir daquele momento, e protelei um pouco o encontro com o especialista.

No segundo dia, tudo beleza. Eu ainda estava meio tonto com as novas lentes, mas seria algo passageiro. Seria. No terceiro dia, percebi que o olho esquerdo estava enxergando melhor que o direito. No quarto dia, a situação se agravou e, além dessa diferença, me sentia meio vesgo. Uma semana depois eu estava enxergando mal do olho direito e com dor de cabeça. Isso foi num domingo. Foi quando decidi que, no dia seguinte, finalmente iria ver o oftalmologista e descarregar minhas reclamações.

Mas na segunda-feira eu estava enxergando perfeitamente bem. E, com horário marcado, fui mesmo assim até o oftalmologista, junto com a Pri.

- Qual é o problema, Sr. Danilo? – perguntou o oculista, como se lembrasse do momento em que, cerca de duas semanas antes, eu procurava desesperadamente pela receita de meus óculos antigos

- Então... é que meu olho esquerdo blá blá blá... e meu olho direito blá blá blá... vesgo... blá blá blá etc e tals... E hoje estou enxergando bem.

- Mas é claro! Você está com um grau mais elevado na lente do olho direito. Quanto tempo faz que trocou de óculos? - ele perguntou

- Uns dez dias – disse a Pri

- Dez dias é pouco tempo. Você vai levar uns vinte dias para se acostumar com as novas lentes. – ele disse, quase perdendo a paciência e batendo na mesa outra vez

Desde então estou enxergando bem.
Começo a achar que o sujeito acertou na receita, afinal.
Mas aposto que ele também não saberia me explicar como funcionam as lentes fotossensíveis.

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