27 de jan. de 2006

Lotação: 36 passageiros sentados, 42 voando pela janela

Incrível... Mas é possível se indignar já durante o café da manhã. Enquanto comia uma fatia de pão, comecei a ler (a leitura é meu vício) a embalagem de maionese que estava sobre a mesa à minha frente. Dizia o texto dentro de um quadrado amarelo:

“A Maionese Arisco mudou. Seu novo sabor, gostoso e envolvente, vai deixar tudo ainda melhor. E sua nova embalagem, vai virar um porta-tudo com a sua cara!”

Que texto horrível! Parece que quem escreveu isso não tinha noção nenhuma da realidade! Afinal, o que vem a ser um “sabor envolvente”? Mas... “um porta-tudo com a sua cara!” Por favor... tente ler isso em voz alta. E o que eles esperam? Que a gente goste tanto da embalagem, a ponto de transformar em porta-lápis e colocar sobre a escrivaninha?
Mas não parou aí. Na mesma embalagem existe a foto de uma fatia de pão exageradamente coberta por maionese. E a legenda é “Incremente o seu pão”.

Incremente seu pão! Tenta visualizar... Você está na cozinha passando maionese em seu pãozinho. Alguém entra e pergunta: “Ei, o que você está fazendo?” E você responde: “Estou incrementando meu pão.” Será que a palavra tem alguma relação com creme... cremosidade... então acharam que seria uma boa idéia usar o verbo “incrementar”. Uhn... pode ser.
E ainda finalizam dizendo: “Nova Maionese Arisco! Gostosa por dentro e por fora!” Realmente, eles gostaram da embalagem e viajaram na maionese.

*****

No outro dia eu estava assistindo a uma reportagem na televisão, onde um policial rodoviário falava sobre a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nos ônibus que trafegam em rodovias. Ele dizia que todos os passageiros devem usar o cinto.
Fiquei me perguntando por que não é obrigatório o uso de cinto de segurança nos ônibus que trafegam no interior da cidade. É engraçado... apenas o motorista e o cobrador têm cinto (e normalmente não usam).
Mas, na verdade, dá pra entender a ausência do cinto. O ônibus transporta passageiros sentados e passageiros em pé. Provavelmente os bancos não possuem cinto porque seria estúpido dar mais segurança a quem está sentado. Quer dizer, o pessoal que se senta coloca o cinto e o resto é arremessado pelas janelas quando acontece uma colisão!
O engraçado é que uns ficam em pé e outros ficam sentados, mas todos pagam a mesma coisa ao cobrador. Acho isso muito estranho. Quem fica em pé deveria pagar menos.
Por outro lado, no passado não muito distante tínhamos os bondes e, literalmente, era necessário pegar o bonde andando. E hoje há preocupação em deixar trilhos de trem próximos a lugares povoados, porque alguém pode ser atropelado. Sim, é estranho.

*****

Às vezes escuto no rádio as ocorrências policiais da cidade. Roubos, assassinatos, golpes, discussões etc. De uns tempos pra cá, reparei, deixaram de divulgar os nomes das pessoas envolvidas nos crimes. E isso acontece tanto para o criminoso como, também, para a vítima. Em lugar de dizer que José da Silva teve o aparelho de DVD roubado, o anúncio chega assim: “J.S., 23 anos, chegou em sua casa e se deparou com a porta arrombada...” Ou seja, ficamos sabendo apenas as iniciais das pessoas envolvidas.
Isso faz com que seja possível encontrar situações como, por exemplo:

“R.G., 32 anos, foi detido porque não portava a carteira de identidade.”

“T.N.T., 54 anos, é suspeito de provocar incêndio.”

“L.S.D., 19 anos, foi preso sob suspeita de tráfico de drogas.”

“W.C., 24 anos, preso por atentado ao pudor.”

26 de jan. de 2006

A força da carranca

Quando encontro o Ben Hur costumam surgir algumas situações que parecem convidar à reflexão. Ontem, enquanto estávamos num café no centro da cidade, surgiu à porta um menino, que disse:
_Tio, tem dez centavos?

Fomos unânimes em dizer que não tínhamos dez centavos. O que, embora estivesse perto da verdade, não era completamente correto. O menino tentou outra coisa:
_Então me dá uma coxinha?

Piorou, né? Ninguém ia dar coxinha nenhuma. Nós, inclusive a funcionária, dissemos que não tinha coxinha também. E outra vez não estávamos mentindo. Depois de uma certa hesitação, o menino resolveu ir embora.
Apesar de ser trágica, tivemos que rir da situação. De fato, não havia coxinha. Eu tinha comido a última. O café estava na hora de fechar, de modo que a funcionária, impaciente, já havia guardado todos os salgados, desligado a máquina de café expresso, e olhava pra gente com o objetivo de nos convencer a ir embora.
_Caramba... a gente nega dez centavos e eles vão subindo os valores. Se não tem dez centavos a gente tem que dar uma coxinha? Não deveria ser o contrário? – comentei, pensando num leilão.
_ O garoto pediu dez centavos. Mas não queria dizer que ele queria dez centavos. – disse Ben Hur – “Dez centavos” era apenas simbólico. Ele quis perguntar se não tínhamos nada para dar pra ele. Dez centavos... Uma coxinha...

Acontece que era a primeira vez que entrávamos naquele estabelecimento. Ali, descobrimos que o preço do cafezinho não era o mais barato da cidade. Soubemos, também, que o sabor do café não estava dos melhores. E descobrimos, estupefatos, que o café médio é tamanho pequeno, e o café grande é tamanho médio.
Talvez por isso (como forma de vingança), ou porque não tivéssemos nenhuma pressa, fizemos questão de permanecer no local até o último minuto. Ben Hur, inclusive, perguntou à funcionária:
_Você deve estar apenas esperando que a gente vá embora, para poder fechar o café, certo? A que horas você fecha?
Ela olhou para o relógio de parede, que marcava 18h45, e respondeu:
_Fecho às dez para as sete.
E Ben Hur conseguiu tirar um sorriso do rosto ainda carrancudo, quando comentou:
_Ah, então ainda temos cinco minutos.
_Tudo bem, se você limpar o chão... – ela disse, rindo.
E eu completei:
_Se você abater dois reais de nossa conta, a gente limpa o chão.

Logo depois, saíamos do café. E eu comentei com Ben Hur:
_Reparou? Ela estava toda séria. Você conseguiu arrancar um sorriso daquele rosto.
_Pois é... Nem lembro mais qual foi a senha. Acho que foi quando falamos da coxinha.
_Não... foi quando ela falou de limpar o chão.
_Ah, é...
_Mas é tão melhor quando alguém atende a gente com um sorriso, não é?
_Uhn... sei lá. Ficar sério é mais cômodo. O sorriso acaba desarmando a pessoa. Se a pessoa já chega sorrindo em algum lugar, o pessoal acha que pode sacanear com ela. O sorriso acaba demonstrando fraqueza. É por isso que costumo ficar sério.

Desde então, fiquei pensando nessas palavras. E no quão ingrata pode ser a vida para aqueles que, simplesmente, não querem ser antipáticos. Talvez por isso não seja possível cumprimentar uma pessoa no ponto de ônibus, sem que se sinta um certo grau de estranhamento. Talvez por isso boa parte da população mundial permaneça com a face imóvel como rocha. Uma tática de defesa. Uma precaução. Se o sorriso é sinal de fraqueza, então sabemos que a humanidade se torna mais forte a cada dia.

20 de jan. de 2006

Escuridão no cinema ou... ovelhas no cinema?

Como estava meio aborrecido nessa semana, aproveitei para fazer algo que não gosto. Fui sozinho ao cinema e optei por assistir a um filme de terror (ou seria suspense? Agora não sei ao certo... talvez ambos). Inclusive me entupi de pipoca. Caramba... parecia que aquela pipoca não acabava nunca.
Mas, como era mesmo o nome do filme... Ah, era “Escuridão”. Interessante que o título original era algo como “Sheeps”. Ovelhas! Eu não sabia o que era pior... se o título em português, mais genérico possível para um filme do gênero; ou o título original, que parecia nada ter a ver com o filme. Mas, quando vi uma porção de carneiros possuídos pelo demônio se atirarem do alto de um penhasco, não tive dúvidas, deveriam ter mantido o título original.
Curioso que, há alguns meses, eu lembro, isso foi notícia na internet. (http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundo/2040501-2041000/2040903/2040903_1.xml). Uma porção de ovelhas tinha se atirado do alto de um penhasco. Agora fico tentando adivinhar se o filme se baseou na realidade, a realidade se baseou no filme, ou foi apenas mais uma entre milhares de coincidências de nosso cotidiano.
Só sei que filme de suspense é algo que me deixa indignado. Durante o filme todo eu devo ter me assustado umas duas ou três vezes, apenas porque surgia, repentinamente, um barulho mais alto do que todo o resto do áudio. Parece que é esse o objetivo do filme... assustar não tanto pelo desenvolvimento da história, mas principalmente por meio de ruídos inesperados. É isso: o fator surpresa. (Descobri a pólvora...)
Quando fui ao cinema assistir “Sinais”, lembro que me senti um completo idiota na única vez em que realmente me assustei durante toda a sessão. Era quando o telão, repentinamente, mostrava a cabeça de um cachorro que latia ferozmente. Pôxa... o filme é sobre alienígenas que invadem a Terra para dizimar a população humana. E eu me assustei com o cachorro do Mel Gibson! – sem trocadilhos...
O que mais me irrita nesses filmes é que os personagens costumam fazer exatamente o contrário do que qualquer pessoa racional faria. Por exemplo, a personagem principal do filme Escuridão (que não era uma ovelha) é uma mulher muito histérica. O tipo que espanca uma criancinha só porque pensa que a menina está possuída pelo demônio. Tudo bem que a mulher tava certa, mas mesmo assim...
Vou descrever aqui uma cena que quase me fez rir. A mulher está na cozinha fervendo água numa chaleira. Ela pega a chaleira, quando escuta um barulho no sótão da casa. Aí o que ela faz? Você teria várias opções... Minhas preferidas são: Poderia ignorar o barulho e continuar preparando seu chá. Ou então, sabendo que o sótão é escuro e a casa é estranha, poderia chamar mais alguém para ir investigar a origem do ruído. Mas, ao invés disso, a mulher vai até o sótão, sozinha, carregando a chaleira com água fervente.
Pensei: “Pronto! Já era... vai se assustar e jogar toda aquela água fervendo em cima de si mesma...” Ela abre a porta do sótão, entra, não há nada em meio àquela escuridão. Então alguém surge atrás dela. A mulher se assusta – os espectadores também – Grita! Mas... era só o velho jardineiro. O faz-tudo da casa. Amigo da família! Então ela se acalma e volta para a cozinha com o jardineiro. E a chaleira? Ah, pois é... parece que o roteirista esqueceu a chaleira lá no sótão. Deve estar lá até agora, porque não aparece de novo durante todo o filme.
Mas gosto das explicações que algumas dessas histórias costumam criar... Do tipo: Segundo uma antiga lenda galesa, é possível trocar um vivo por um morto e, assim, trazer de volta do inferno alguém que já se foi. Interessante...
Entretanto, o que mais me assustou foram os trinta segundos que antecederam o filme que fui assistir. Cara... exibiram um trailer de outro filme de terror. O título era genérico também... Algo como “Espíritos”. O filme talvez nem seja tão bom. Mas o trailer me fez ficar arrepiado.
Mostra várias fotos, uma após a outra, tiradas em uma porção de lugares e datas diferentes. Essas fotos têm uma porção de pessoas retratadas em momentos simples como aniversários e formaturas. Depois, as mesmas fotos são mostradas com detalhes, e você percebe que tem uma porção de rostos e braços que estavam ali e você não tinha notado antes. “São os espíritos... Há! Há! Há! Há!”
Dito assim, parece idiota. E talvez seja. Mas é um trailer muito bom. Quanto ao filme que assisti... Até que foi divertido. Se encontrasse um amigo na saída do cinema, poderia até ensaiar alguma piada sem graça.

13 de jan. de 2006

Sobre ônibus, ladrões de porcos, fábulas e primas

Sexta-feira, 13! Mas não se alarme. É um dia como outro qualquer. Até terremoto a gente já teve por aqui, e não foi em dia envolvido em superstição. Não sei por que o espanto com o fato de um pequeno tremor de terra ter acontecido por estas bandas. As pessoas que testemunharam o terremoto, disseram que “parecia que tinha um grande caminhão passando na rua”. Dizem que o tremor de terra não pode ser previsto. Mas aqui em casa, eu sei, acontece em média a cada trinta minutos. É que o ônibus passa e faz tudo chacoalhar por aqui. Se eu tivesse percebido o tal tremor, talvez meu comentário fosse: “Olha só... o ônibus está adiantado!”

Eu tenho um amigo que, em certa ocasião, não lembro em qual contexto, disse que chorou quando assistiu ao filme “Babe, o porquinho”. Tudo bem, eu também me emocionei vendo “Fuga das galinhas”. Mas fico pensando o que ele achou dos cientistas de Taiwan, que acabam de criar o porco fosforescente.
Pois é, lá está ele... um porco verde que brilha no escuro. Dizem os especialistas que a finalidade desse experimento é “monitorar e rastrear alterações nos tecidos durante seu desenvolvimento físico.” Mas, que é estranho, não há dúvida. Quer dizer, há alguns anos lembro de terem anunciado um rato que carregava uma orelha humana nas costas. Agora injetaram proteína de água-viva num porco, para que ele brilhe no escuro!
Bacana o comentário que ouvi no rádio: “Isso vai facilitar bastante para os ladrões de porcos, né?”

Por falar em rato... Foi notícia nos Estados Unidos na semana passada... Um senhor, um tal de Luciano Mares, fazia limpeza em sua casa e encontrou um rato. Pegou o bichinho e pensou: “E agora, o que faço com você?” Acontece que ele havia juntado alguns ciscos no quintal de casa e tinha colocado fogo. Não satisfeito em expulsar o rato, o cidadão pegou o roedor e o atirou no monte em chamas. O que aconteceu?
Bem, a manchete que encontrei foi: Em “vingança”, rato põe fogo em casa nos EUA. O rato saiu pegando fogo e correu de volta para dentro da casa do homem. Lá se foi toda a mobília. Parece coisa de filme de Sessão da Tarde! Puxa, alguém tinha que transformar isso numa fábula. Podia virar até ditado popular. Algo como “É preciso matar o rato antes de atirá-lo ao fogo.” Uhn... tá, ficou estranho, e os ambientalistas não iriam gostar.

E na semana passada eu comentava sobre Teorias da Conspiração. Cheguei a publicar aqui algumas das minhas teorias locais. Bem, não sei se foi por acaso, mas o fato é que eu, pela primeira vez, não consegui mandar e-mail avisando sobre a atualização do blog. Parece que meu e-mail numérico, tradicionalmente usado para fazer a divulgação, não funciona! Por causa disso, apenas algumas pessoas receberam o tal “newsletter”. Raios! Vamos ver se hoje funciona...

Eu tenho uma prima que é uma figura. Imagine que ontem eu estava lendo um livro quando tocou o telefone. Atendi. Era ela. Qual foi a primeira coisa que ela me perguntou: “Danilo? Onde você tá?” “Como assim? Tô em casa! Você telefonou pra cá, lembra?”
São situações como essa que me fazem sorrir, mesmo em dias ruins.

5 de jan. de 2006

Impressões de um teórico da conspiração

Estive no sebo na tarde de ontem e encontrei uma revista ótima, pelo menos para mim. É uma edição lançada pela revista Superinteressante em outubro de 2004 e trata exclusivamente das chamadas “Teorias de Conspiração”. No ano passado uma edição parecida estava nas bancas, mas não pude comprar porque o próprio preço parecia uma conspiração.
Desta vez encontrei esse exemplar de “O livro negro das conspirações”, com preço mais acessível, e estou me divertindo com a leitura: O homem nunca pisou na Lua. A Aids foi criada em laboratório. Tancredo Neves foi envenenado. E, o que achei mais interessante, “O código de barras é coisa do Satã”. Essa é nova para mim.
Os textos apresentam os principais argumentos dos teóricos da conspiração para essas suposições. Mas interessantes mesmo são os comentários bem humorados que os repórteres e entrevistados fazem a respeito dos temas discutidos.
Um dos depoimentos sobre o terrível código de barras eu sinto obrigação de transcrever aqui:

“Um dos meus passatempos quando criança era ir ao supermercado com minha avó, a saudosa Dona Alcinda. Ela adorava quebrar o pau com uma fiscal, Dona Neves, que vivia com o marcador de preços na mão. ‘Larga esse revolvinho, que um dia quem vai tomar tiro é você’, dizia minha avó. Um belo dia, ela teve uma surpresa: ‘Trocaram as etiquetas de preço por uns riscos na embalagem!’. Como ela iria ver os preços dos produtos? O que aconteceria à abominável Dona Neves? Dias depois, soubemos que Dona Neves foi morta com 18 tiros (três vezes seis, ou 666...). Foi a prova de que o código de barras é mesmo o alfabeto do demônio.”
Eduardo Vieira, editor da Info Corporate, nunca mais comprou em supermercados.

Há! Essa foi ótima! Mas, mesmo considerando as criativas piadas colocadas estrategicamente em meio a temas que sempre foram e sempre serão polêmicos, não há como ler a revista e não ficar um pouco mais paranóico do que já sou. Eu, como estou sempre desconfiando de tudo e, ainda por cima, tenho um agravante de ordem psicológica chamado “imaginação fértil”, acabo sendo ainda mais afetado. Então, vou aproveitar para lançar algumas de minhas teorias da conspiração locais.

Por exemplo, há alguns anos o pessoal da empresa de saneamento básico procedeu a uma troca nos registros de consumo de água aqui na cidade de Ponta Grossa. A princípio, algumas pessoas tentaram se opor. Mas não havia razão para isso. Os funcionários diziam que era um procedimento de rotina, que de tempos em tempos era preciso trocar o equipamento, do contrário o funcionamento correto poderia ser prejudicado. Bem, acontece que depois que os registros foram trocados o consumo de água aumentou pra caramba e, também, a conta a pagar. Uma reclamação qualquer e a explicação do funcionário estava na ponta da língua: “É que, com o tempo, o registro tinha acumulado sujeira, o que impedia o cálculo exato do consumo de água.” Uhn... sei... Pra mim, eles trocam o equipamento periodicamente e fazem com que, propositalmente, os preços aumentem. E nós, pobres consumidores, somos obrigados a pagar por isso.

Outra... Sabe aquelas guardinhas que ficam multando os motoristas que estacionam seus automóveis em local proibido ou, simplesmente, não colocam o cartão de estacionamento? Às vezes, a gente estaciona e não vê nenhuma delas... Mas vem o pensamento: “Ah, é só por dois minutos... eu só vou colocar a carta no correio e já volto.” Mas, é quase certo, quando você volta a multa já está sendo aplicada. Lá está ela, uma guardinha, parada, o olhar fixo apenas no papel que tem nas mãos e na placa do seu carro. E então você tenta argumentar, mas ela olha em volta como se não estivesse vendo você.
Minha teoria é que elas não são humanas. Talvez sejam como o Agente Smith, no filme Matrix. Elas assumem o corpo de qualquer pessoa que estiver passando por perto do seu carro logo depois que você estaciona e atravessa a rua. Por isso surgem sem que ninguém perceba. E por falar em não perceber... Afinal, pra onde essas guardinhas vão quando chove? Já reparei que a maioria delas simplesmente some durante a chuva.

E por último... Parece que foi no ano passado... Foi instalada aqui no centro da cidade uma nova torre de transmissão de TV que, em tese, serviria para melhorar o sinal da Rede Globo nos televisores da cidade. Acontece que, para isso, seria necessário que a antena receptora também fosse trocada. Foram feitos anúncios em outdoors, no rádio, na própria televisão. E até mesmo um folheto foi distribuído aos ponta-grossenses, explicando que seria necessária a compra de uma antena VHF, em lugar da antiga UHF, para que o sinal fosse captado de forma adequada.
Assim, milhares foram às lojas de antenas da cidade para comprar a tal VHF que, não acredito que seja coincidência, estava em desconto. O sinal da Globo melhorou um pouco. Mas a mudança de antenas coincidiu (ou não) com a piora na imagem das demais emissoras. Não vou lançar nenhuma teoria aqui. Vou apenas apresentar os fatos: a venda de antenas aumentou como nunca e a imagem da TV continua péssima. O número de técnicos contratados para instalar as antenas nas residências também aumentou. Só sei que foi muito lucrativo para vendedores e instaladores de antenas. E que, muitas vezes, assisto à Globo porque os outros canais estão cheios de chuviscos.

Mas, se alguém tiver uma informação menos especulativa sobre essas coisas, seria bom colaborar como Universo e Afins. Que foi? Tem uma tia que trabalha como guardinha e ela não é como o Agente Smith? Tem um irmão que instala registros de água e te contou toda a verdade? Você é instalador de antenas e garante que não há conspiração nenhuma nessa história... e mais, ainda vai até minha casa arrumar a imagem da TV, sem cobrar nada por isso? Beleza!!

- Desconfie com moderação. -