10 de out. de 2010

Viagem a Rio Azul - parte 1

Conhecendo a região

Vai ser bom quando
todas as tomadas do Brasil forem padronizadas. Quem sabe aí poderei ligar o netbook normalmente, sem me preocupar com o "T" que esqueci de trazer. Sorte que me emprestaram um. Estou em Rio Azul... cidade pequena, mas com banco, posto de gasolina, lanchonetes. Há civilização, enfim. Eu e minha namorada, Pri, decidimos aproveitar o final de semana prolongado viajando a algum lugar próximo de Ponta Grossa. Escolhemos Rio Azul depois que vimos na internet informações sobre uma pousada, que descrevia algumas das atrações locais, entre elas uma pedreira com cachoeira e uma fábrica que trabalha com amoras.

A viagem até aqui foi tranquila. A única surpresa foi quando, já bem perto de nosso destino, três sujeitos montados em cavalos cercavam um automóvel estacionado à beira da rodovia. Eu me concentrei em desviar dos cavalos, e não pude dar atenção ao fato em si. Mas a Pri disse ter visto o momento em que o motorista do carro era obrigado a entregar a carteira. Seria um assalto à diligência, no estilo faroeste? Seria Rio Azul uma terra sem lei??

Algo para descobrir mais tarde. É curioso pensar que a viagem que fazemos hoje, de certo modo, começou a ser planejada há dez anos...

Eram meados do ano 2000, e não era uma “odisseia no espaço”. Eu ainda estava concluindo o ensino médio, e tinha decidido fazer vestibular para o curso de jornalismo. Era a primeira vez que eu fazia uma prova de vestibular, e ainda não sabia que os candidatos eram reunidos nas salas seguindo a ordem alfabética de seus nomes.

Quando me dei conta, eu estava numa fileira de carteiras que reunia quatro Danilos. Bem perto estava um outro Danilo, sujeito que parecia despreocupado. Faria prova para Direito, mas estava bastante calmo. Numa rápida conversa antes de iniciar as provas, ele disse que não era de Ponta Grossa. Era de uma pequena cidade chamada “Rio Azul”. Ninguém que estava ali tinha ouvido falar antes na localidade. “É... ninguém conhece mesmo...”, ele disse.

Eu não consegui uma vaga na universidade naquela edição do vestibular. Então, precisei fazer nova prova, dessa vez no campus central da universidade. Na entrada, quem eu encontro é o mesmo Danilo, que também não tinha conseguido passar no primeiro vestibular. Novamente, estávamos na mesma sala.

Antes de fazer as provas, cada um dos candidatos precisava se apresentar à frente e assinar um documento. Quando meu colega Danilo foi chamado, aconteceu algo impressionante. Sua mão tremia tanto, que ele não conseguia assinar o próprio nome. “Fique calmo”, disse a monitora. “É que dessa vez eu estudei”, ele respondeu. Uma narrativa para ilustrar o quanto um vestibular pode atacar os nervos até mesmo do mais tranquilo candidato, desde que ele realmente esteja se dedicando para ser aprovado.

Sempre associei essa história ao nome da cidade de Rio Azul. Por isso achei que seria interessante conhecer o lugar, quando olhava o mapa do Paraná, nesta semana, em busca de um destino para este domingo...

Depois de cerca de duas horas de viagem, chegamos facilmente ao local. Ambiente agradável. Pousada Villa Vitória. O Diogo, que trabalha conosco no jornal, estava saindo com sua namorada da pousada, para um passeio, naquela hora. Ele soube que vínhamos para cá, e decidiu vir também...

O dono da pousada, Marcos, é um sujeito simpático, como deve ser o proprietário de qualquer pousada. Nos mostrou os chalés, e ficamos no de número sete. Segundo ele, estamos com uma celebridade como nosso vizinho. Dedé, o humorista que fez parte dos saudosos Trapalhões, está hospedado aqui, porque seu circo está na região.

Ele também nos contou que aqui existe uma igreja cujos desenhos da pintura interna foram todos feitos à mão por um único artista. Um homem de cerca de 90 anos, que ocupou pelo menos 20 para concluir sua obra. É o Michelangelo de Rio Azul. Se o encontrássemos poderia ser algo interessante. Ou talvez pudéssemos apenas visitar a igreja, embora tenham nos dito que o acesso é restrito.

Neste momento a Pri está tirando um cochilo. Cansou da viagem. Curioso, pois eu que dirigi não cansei desta vez. Acho que o simples fato de me afastar um pouco do trabalho já fez com que me sentisse mais descansado. O plano para amanhã é visitarmos a tal pedreira e, talvez, a fábrica de produtos de amoras e framboesas.

Já estamos planejando almoçar por lá. O Marcos nos disse que a proprietária do lugar é descendente de italianos, e excelente cozinheira...

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