10 de ago. de 2009

Uma garçonete “meio” devagar...

Tarde de um dia qualquer no meio da semana. Caminho pelo centro da cidade rumo ao jornal. Ainda tenho alguns minutos antes de começar meu expediente. Decido entrar na panificadora e lanchonete que abriu há algumas semanas perto do trabalho. Milla é o nome do estabelecimento. Mas o pessoal do jornal costuma chamar o lugar de “padoca”. Imagino que a proprietária ficaria decepcionada, se soubesse.

O ambiente não me parece muito grande. Mas atrás do balcão há um movimento exagerado de funcionárias, que faz o lugar parecer maior. Sento diante do balcão, e uma das meninas vem atender. Peço um salgado recheado com salsicha que está na vitrine. Ela diz o nome do salgado. “Super-dogão”, ou algo assim... “Que seja”, penso. Adiciono ao pedido uma xícara de café. O salgado vem logo. O café demora um pouco.

“Tem molho?”, pergunto.
“Tem”, responde a garçonete. E estende um pratinho maior que um pires e menor que uma xícara. Dentro, dois míseros sachês: um de catchup, o outro de maionese.

Se tem algo que me deixa mais indignado em uma lanchonete é a economia ao trazer molho para os clientes. Em primeiro lugar, o cliente não tem que pedir molho. O funcionário é quem deve oferecer, ou simplesmente colocar diante do cliente.

Em segundo lugar, as tais “bisnagas” são infinitamente melhores e mais práticas que os sachês. E não venha dizer que o sachê é mais higiênico, porque a maioria das pessoas sofre para abrir o maldito pacotinho, e leva à boca para rasgar com os dentes.

Em terceiro lugar, se vai oferecer sachê, traga um pote com pelo menos três sachês de cada tipo de molho, incluindo a mostarda. Boa parte das lanchonetes notou que a mostarda é menos consumida que os outros molhos, e então nem oferece, ignorando uma parcela dos consumidores que gosta do tempero.

Finalmente chegou meu café. Estava eu, já meio indignado, a consumir meus dois sachês, quando entra uma moça, visivelmente apressada. A gente reconhece a pressa da pessoa conforme a velocidade com que ela entra no recinto.

Parou diante do balcão, e veio uma garçonete – uma das muitas que se movimentam atrás do balcão.

- Vou querer um folhado de frango. – disse a cliente, apontando para o salgado coberto de gergelim que estava quase ao alcance de suas mãos. Fiquei surpreso ao notar que a cliente sabia o nome do salgado e conhecia o recheio. Mas julguei isso como apenas mais um indicativo de sua pressa.

A garçonete, inicialmente, não conseguiu interpretar qual salgado o dedo da cliente apontava. E nem ouviu ela dizer as palavras “folhado de frango”.

- Este? – perguntou, apontando para o salgado ao lado.
- Não. O de frango – respondeu a cliente.
- Este?
- Isso.
- Este é de frango. – Explicou, educativamente, como se a cliente não tivesse especificado o suficiente. Talvez ela esperasse que a moça ainda começasse a narrar, com minúcias, como o lanche era preparado.

- É pra comer aqui, ou pra levar?- Pra levar.

A garçonete usou um pegador... (a ferramenta deve ter um nome peculiar como “apanhador de folhado de frango”, mas não sou tão específico quanto a pobre cliente que, você deve lembrar, estava com pressa) A garçonete usou um pegador para colocar o folhado de frango em um pacote.

Quando o salgado estava já pela metade dentro do pacote, apareceu outra funcionária [elas são muitas] e esclareceu para a primeira:

- O folhado de frango é esse com gergelim em cima. O outro é de carne moída.
A garçonete retirou lentamente o folhado de frango, que já estava quase dentro do pacote, e disse para a cliente.
- Este folhado é de frango. É esse mesmo que você quer?

Enquanto a cliente balançava a cabeça dizendo que sim, eu quase saí de meu estado de mera observação, para perguntar à garçonete:

- Pelo amor de Deus! Você quer ou não quer vender esse folhado de frango??!!!

Eu devia ter feito isso. Mas julguei que a garçonete não entenderia nada do que eu estava falando. Ela já havia dado mostras de ser “meio” devagar.

Enquanto eu extinguia o conteúdo do segundo sachê e tomava mais um gole de café, ainda pude ver a cliente pegar, enfim, o pacote com o tão aguardado folhado de frango.

Dessa vez, ela saiu sem nenhuma pressa.

2 comentários:

Loolieeze disse...

e eu achando (pretensiosamente) que era a única que corrigia mentalmente o atendimento nas cafeterias e afins...hahaha

adorei!!

N.C. disse...

Vai ver que, se ela aparentasse pressa, iriam querer somar a conta usando um ábaco.

Aí seria o fim.