22 de mar. de 2011

Visita frustrada à Gruta do Monge

As semanas são sempre extremamente cansativas. Quando chega o final de semana, só dá vontade de dormir e relaxar vendo um filme ou fazendo absolutamente nada. O problema é que eu e a Pri gostamos de fazer nossas viagens, que sempre consistem em pequenas aventuras por lugares a respeito dos quais sabemos muito pouco. E decidimos ir nesse domingo até o tal Parque Estadual do Monge, na cidade histórica da Lapa (PR).

Pelo que consta, em 1847 um monge chamado São João Maria esteve naquele local, habitando uma gruta. Realizou curas milagrosas, fez orações e profecias, e tomou rumo ignorado. Há quem diga que se trata do mesmo monge que passou por Ponta Grossa certa vez. Aqui, dizem, foi atingido por pedras lançadas por garotos malcriados, e lançou a maldição: “Nesta cidade nada vai pra frente, muito menos o time do Operário”. Enquanto o time se esforça por bons resultados [e alcança algumas conquistas], também há quem diga que não se tratou do mesmo monge.

Quem sabe, assim como em ‘O Senhor dos Anéis’, existiu o monge bom e o monge mau. Enfim... voltando ao assunto...

Saímos de Ponta Grossa pela manhã e iniciamos o trajeto de cerca de 100 quilômetros que leva à Lapa, lugar conhecido por ter sido cenário de batalha entre maragatos e forças republicanas. Optamos pela rodovia que passaria por Palmeira e Porto Amazonas antes de atingir nosso destino.

Ainda na saída de Ponta Grossa, um Sandero vermelho nos ultrapassou, mas não pode desenvolver grande distância de nós, pois eram muitos caminhões e, sendo a pista simples, a ultrapassagem era arriscada. De modo que fomos quase ao mesmo tempo passando por Palmeira, perto de onde passamos por local onde uma carreta havia tombado, derrubando a carga de maçãs. No trevo que dá acesso a Porto Amazonas, o Sandero vermelho entrou, enquanto seguimos reto, rumo à Lapa, 32 quilômetros à frente.

Logo de cara me surpreendi com a quantidade de pessoas e movimento de automóveis da principal avenida da cidadezinha.

“Que estranho...”, comentei com a Pri. “Achei que essa era uma cidadezinha pacata, com pouco movimento e sem barulho... e tá o maior fervo...”

Poucos metros adiante, a placa explicativa: “2º Encontro de Carros Antigos Lapa-PR – 19 e 20/03/11”. Eis que a muvuca se fazia por conta de um evento que reunia pessoas de diversas outras cidades. E eu que, há alguns meses, fiz reportagem sobre carros antigos e noticiei o evento, mas nem lembrava mais disso.

Seguindo as indicações, e um pequeno roteiro que imprimi um dia antes da viagem, chegamos a uma rua de péssimo asfalto que levaria até o Parque do Monge, e a famosa Gruta do Monge. Mas, um cartaz no início da rua pareceu dizer que o Parque estava fechado. Duvidei, afinal, era gruta, lanchonete, formações rochosas, cancha esportiva, churrasqueiras, vasta fauna e flora. Se estivesse fechado, pelo menos alguns itens estariam abertos.

Chegamos ao ‘Mirante do Cristo’, onde supostamente poderíamos ver a cidade. Mas a visibilidade maior era para com a falta de cuidado do local. Muito lixo espalhado em volta. Uma garrafa de vinho deixada na escadaria que levava ao topo do mirante.

Minha velha câmera parou de funcionar, talvez com problemas na bateria. A Pri estava com minha outra câmera, uma que o visor queimou, e você faz a foto mas só vê depois, em casa, quando transfere para o computador. Então, passei a usar o celular, que sempre me salva nessas horas.

Seguimos mais alguns metros até a entrada do Parque e encontramos dois carros parados, uma turma de umas dez pessoas sendo paradas por um guarda do IAP, que explicou que o Parque estava completamente fechado para obras de revitalização. Culeiformes fecais foram apenas parte do problema identificado na água que escorre na gruta, e que era considerada santa. A reformulação vai incluir estruturas de vidro e metal, uma série de restrições aos visitantes e, em resumo, vai tornar tudo bem mais chato.

O Parque Estadual de Vila Velha passou por tudo isso. Foram retiradas árvores exóticas, chegaram ao cúmulo de exterminar javalis, criaram calçadas nos espaços onde se faz trilha, proibiram a visita à pedra suspensa, não se pode encostar em nenhuma rocha, nem alimentar quatis ou fazer churrasco.

Sei que é o certo. Mas, quem conheceu o Parque de Vila Velha de antes sabe o quanto era melhor sentir a liberdade de escolher os próprios trajetos entre as rochas.

O problema agora, do Parque do Monge, é que as obras já deviam ter iniciado. A moratória do governador Beto Richa suspendeu o início, e não há nova previsão para os trabalhos, que irão durar cerca de seis meses para a conclusão, a partir da liberação do Governo. Some a isso o fato de que o site da Prefeitura da Lapa não dá nenhuma indicação de que o Parque está fechado, e o resultado é que inúmeros turistas desavisados recebem a mesma desculpa sem graça do mesmo representante do IAP.

Nada a se fazer, voltamos ao centro da cidade, onde almoçamos num restaurante caro demais, vimos a exposição de carros antigos e conhecemos os quatro museus (acho que não tem mais) disponíveis. Um grupo que preserva a tradição dos tropeiros nos ofereceu o “café tropeiro”, feito sem coar o pó, que assenta no fundo do recipiente. Delícia de uma tarde fria, em que começava a cair uma garoa fina.

Depois de um domingo em que terminamos cansando mais que descansando, voltamos para casa para, chegando perto de Ponta Grossa, sermos alcançados, novamente, pelo mesmo Sandero Vermelho.

Um comentário:

Anônimo disse...

isso mesmo, tambem aconteceu comigo,sai de sao bento do sul fui ate lapa cerca de 140k chegando la o parque fechado, entao fui acha um restaurante para almoçar ai tiveram a corajem de me pedir 35 reais um almoço e mol.