Dias quentes em Ponta Grossa. Dormi com a janela e a cortina do quarto abertas, e acabei sendo acordado mais cedo pela luz do sol. Ainda meio zonzo, pois o sono não vinha, quis ligar meu rádio a pilha e descobri que não tinha pilhas.
Lembrei que meu celular tem rádio FM, e conectei o fone de ouvido. Meu celular tem sido bastante útil, cumprindo exatamente as funções que buscava quando o procurei na loja. Modelo que não faz volume no bolso, não foi muito caro, tira fotos e realiza gravações. Esse último recurso tem impressionado algumas pessoas cuja voz armazeno no aparelho, durante as entrevistas que faço para o jornal. O reitor da UEPG, João Carlos Gomes, pouco antes de citar todos os investimentos em modernização da universidade, teve que perguntar: “Mas, é um celular? E grava a entrevista?”
Também é o mesmo celular que um pivete ameaçou tomar de minha mão outro dia, quando me pediu esmola e perguntei onde estava sua mãe. Tenho quase certeza de que sua mãe não o procurava. Assim como não havia mãe alguma procurando o guri que atirou um pedaço de madeira em meu carro, enquanto eu dirigia, no final de semana. E ainda não entendem por que tenho medo das crianças em grupos. Se sozinhas elas fazem um estrago, imagine formando uma gangue...
Enfim, nem todas são pestes. As que se salvam também devem ser as que nos salvam.
Mas, levantei mais cedo, e liguei o rádio do celular. Parei na Jovem Pan e fiquei ouvindo o noticiário. Uma das notícias era sobre um assaltante que invadiu uma casa, e encontrou uma menina. Provavelmente com receio de que ela alertasse os pais, segurou a criança pelo braço. Mas o pai já estava vindo em socorro da criança. Atacou o assaltante, defendendo a filha. Nesse momento, entrou o comparsa do assaltante, e atirou no pai.
O final é trágico, mas tão trágico quanto a história é o conselho sempre dado pela polícia, com a mesma serenidade que um padre tem ao dizer para orarmos. “Nunca reaja... isso só aconteceu porque ele reagiu”.
Isso não aconteceu porque o pai reagiu. Aconteceu porque sua casa foi invadida. É tão simples transferir a responsabilidade pela segurança para um erro daquele que morreu. Mas quem, em sã consciência, vê uma filha, irmão, amigo ou esposa, em perigo... e não faz nada para ajudar?
A reação, como o próprio termo sugere, é algo praticamente involuntário. Tanto quanto um susto, um espirro ou uma lágrima. Seria mais correto se o policial dissesse “reze para que isso nunca aconteça contigo”. Porque é muita hipocrisia dizer que o erro na história é, simplesmente, daquele que reagiu para proteger a filha.
Sim... assunto duro para um começo de quarta-feira... Então, mudando um pouco de foco, gostaria de entender qual a lógica das pessoas que me atendem ao telefone, durante o trabalho.
Passo boa parte do tempo ao telefone, ligando para os entrevistados. Não raro, quem atende é uma outra pessoa que transfere a ligação. Anteontem o diálogo foi esse:
_Boa tarde. Aqui é o Danilo, do Jornal da Manhã, eu gostaria de falar com o Dr. Fulano de Tal.
_Um momento, por favor. [afasta um pouco o telefone] Doutor! Um repórter do Diário dos Campos quer falar com o senhor!
Não sei como as pessoas conseguem confundir o nome dos dois únicos jornais diários da cidade... Assim como também não entendo como confundem Danilo com Rodrigo, Camilo, Dairo e Daniel. Parafraseando Mamonas "o meu nome é Adejair, facinho de confundir com o João do Caminhão".
A associação de ideias feitas pelo nosso cérebro é uma coisa que ainda vai render muitos estudos. E muitos textos...
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