Há poucos dias escutei num anúncio de rádio uma expressão que há tempos não ouvia: “vitrine-viva”.
Na última (e primeira) vez em que escutei a palavra, eu devia ter uns sete anos de idade. Lembro bem, era noite de vésperas de Natal. Eu caminhava pelo Calçadão da Rua Coronel Cláudio – que talvez ainda nem fosse oficialmente um calçadão – junto com meu pai. De repente vi uma multidão de homens reunidos, todos em frente à vitrine de uma loja.
Fiquei curioso. Com tantas vitrines, por que todos resolveram ficar se empurrando diante da mesma? Perguntei ao meu pai sobre o que acontecia ali. Ele esboçou um sorriso e disse apenas “vamos lá também.” Brigando por espaço, pudemos chegar a ver as duas mulheres que, vestindo apenas peças de lingerie, realizavam movimentos robóticos e, em seguida, permaneciam algum tempo paradas, o rosto muito sério, evitando demonstrar reação às cantadas e assobios dos homens ali reunidos. Na ocasião, lembro bem, meu pai explicou que aquilo era uma vitrine-viva.
Mas as pessoas mudam. Umas crescem, outras envelhecem. As mais sortudas conseguem fazer as duas coisas. E agora, conversando com meu pai a respeito, chegamos à conclusão de que a vitrine não é viva. As manequins é que são. Faz sentido.
De lá pra cá eu nunca mais soube que tivesse existido outra vitrine como aquela. Mas eis que na semana passada uma das lojas da cidade anunciou a sua “reinauguração”. Reinauguração é um termo engraçado, também, nesse caso. Afinal, a loja existe há anos e nunca fechou. Já mudou de endereço, mas isso faz tempo. Então, não entendi por que disseram estar reinaugurando.
O fato é que a loja disse que durante a reinauguração haveria uma porção de atrações. Entre elas, uma vitrine-viva! Lembrei de minha experiência quando era criança e pensei: “Hora de rever a vitrine-viva.”
Mas, pra encurtar a história... foi uma grande decepção. As manequins eram bonitas, mas não usavam lingerie. E eu achava que vitrine-viva obrigatoriamente tinha que ter lingerie. Uhn... quem sabe no Natal?
Vitrines são coisas engraçadas. Eu raramente paro a fim de olhar uma delas. Mas, há algumas semanas, um anúncio em uma vitrine me obrigou a parar. Dizia assim: “Vende-se essa vitrine.” Também já vi uma vitrine que anunciava: “Vendem-se manequins.” Parece bem insólito. Como as livrarias que vendem placas de “Aluga-se”.
Coisa estranha são esses manequins. Não há padronização nos modelos. Existem manequins sem pernas, existem os sem-braços, sem pernas e sem braços, e até sem cabeça. Outros têm o corpo bem feito e uma cabeça bem pequena, como se o corpo tivesse sido feito por uma empresa e a cabeça por outra.
Li em algum lugar a respeito de maníacos sexuais que atacam manequins. Fico pensando que talvez esse seja o motivo de muitos desses manequins saírem da fábrica propositalmente mutilados. Talvez haja poucos maníacos dispostos a transar com um manequim sem cabeça. Ou talvez por isso alguns manequins tenham uma cara tão feia. Quem sabe por isso a maioria não tem cabelo? Pelo bem dos manequins. Sei lá, é uma teoria.
Na última (e primeira) vez em que escutei a palavra, eu devia ter uns sete anos de idade. Lembro bem, era noite de vésperas de Natal. Eu caminhava pelo Calçadão da Rua Coronel Cláudio – que talvez ainda nem fosse oficialmente um calçadão – junto com meu pai. De repente vi uma multidão de homens reunidos, todos em frente à vitrine de uma loja.
Fiquei curioso. Com tantas vitrines, por que todos resolveram ficar se empurrando diante da mesma? Perguntei ao meu pai sobre o que acontecia ali. Ele esboçou um sorriso e disse apenas “vamos lá também.” Brigando por espaço, pudemos chegar a ver as duas mulheres que, vestindo apenas peças de lingerie, realizavam movimentos robóticos e, em seguida, permaneciam algum tempo paradas, o rosto muito sério, evitando demonstrar reação às cantadas e assobios dos homens ali reunidos. Na ocasião, lembro bem, meu pai explicou que aquilo era uma vitrine-viva.
Mas as pessoas mudam. Umas crescem, outras envelhecem. As mais sortudas conseguem fazer as duas coisas. E agora, conversando com meu pai a respeito, chegamos à conclusão de que a vitrine não é viva. As manequins é que são. Faz sentido.
De lá pra cá eu nunca mais soube que tivesse existido outra vitrine como aquela. Mas eis que na semana passada uma das lojas da cidade anunciou a sua “reinauguração”. Reinauguração é um termo engraçado, também, nesse caso. Afinal, a loja existe há anos e nunca fechou. Já mudou de endereço, mas isso faz tempo. Então, não entendi por que disseram estar reinaugurando.
O fato é que a loja disse que durante a reinauguração haveria uma porção de atrações. Entre elas, uma vitrine-viva! Lembrei de minha experiência quando era criança e pensei: “Hora de rever a vitrine-viva.”
Mas, pra encurtar a história... foi uma grande decepção. As manequins eram bonitas, mas não usavam lingerie. E eu achava que vitrine-viva obrigatoriamente tinha que ter lingerie. Uhn... quem sabe no Natal?
Vitrines são coisas engraçadas. Eu raramente paro a fim de olhar uma delas. Mas, há algumas semanas, um anúncio em uma vitrine me obrigou a parar. Dizia assim: “Vende-se essa vitrine.” Também já vi uma vitrine que anunciava: “Vendem-se manequins.” Parece bem insólito. Como as livrarias que vendem placas de “Aluga-se”.
Coisa estranha são esses manequins. Não há padronização nos modelos. Existem manequins sem pernas, existem os sem-braços, sem pernas e sem braços, e até sem cabeça. Outros têm o corpo bem feito e uma cabeça bem pequena, como se o corpo tivesse sido feito por uma empresa e a cabeça por outra.
Li em algum lugar a respeito de maníacos sexuais que atacam manequins. Fico pensando que talvez esse seja o motivo de muitos desses manequins saírem da fábrica propositalmente mutilados. Talvez haja poucos maníacos dispostos a transar com um manequim sem cabeça. Ou talvez por isso alguns manequins tenham uma cara tão feia. Quem sabe por isso a maioria não tem cabelo? Pelo bem dos manequins. Sei lá, é uma teoria.
Um comentário:
Estas vitrines são altamente metalingüísticas, não?
Gladson
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