5 de jan. de 2006

Impressões de um teórico da conspiração

Estive no sebo na tarde de ontem e encontrei uma revista ótima, pelo menos para mim. É uma edição lançada pela revista Superinteressante em outubro de 2004 e trata exclusivamente das chamadas “Teorias de Conspiração”. No ano passado uma edição parecida estava nas bancas, mas não pude comprar porque o próprio preço parecia uma conspiração.
Desta vez encontrei esse exemplar de “O livro negro das conspirações”, com preço mais acessível, e estou me divertindo com a leitura: O homem nunca pisou na Lua. A Aids foi criada em laboratório. Tancredo Neves foi envenenado. E, o que achei mais interessante, “O código de barras é coisa do Satã”. Essa é nova para mim.
Os textos apresentam os principais argumentos dos teóricos da conspiração para essas suposições. Mas interessantes mesmo são os comentários bem humorados que os repórteres e entrevistados fazem a respeito dos temas discutidos.
Um dos depoimentos sobre o terrível código de barras eu sinto obrigação de transcrever aqui:

“Um dos meus passatempos quando criança era ir ao supermercado com minha avó, a saudosa Dona Alcinda. Ela adorava quebrar o pau com uma fiscal, Dona Neves, que vivia com o marcador de preços na mão. ‘Larga esse revolvinho, que um dia quem vai tomar tiro é você’, dizia minha avó. Um belo dia, ela teve uma surpresa: ‘Trocaram as etiquetas de preço por uns riscos na embalagem!’. Como ela iria ver os preços dos produtos? O que aconteceria à abominável Dona Neves? Dias depois, soubemos que Dona Neves foi morta com 18 tiros (três vezes seis, ou 666...). Foi a prova de que o código de barras é mesmo o alfabeto do demônio.”
Eduardo Vieira, editor da Info Corporate, nunca mais comprou em supermercados.

Há! Essa foi ótima! Mas, mesmo considerando as criativas piadas colocadas estrategicamente em meio a temas que sempre foram e sempre serão polêmicos, não há como ler a revista e não ficar um pouco mais paranóico do que já sou. Eu, como estou sempre desconfiando de tudo e, ainda por cima, tenho um agravante de ordem psicológica chamado “imaginação fértil”, acabo sendo ainda mais afetado. Então, vou aproveitar para lançar algumas de minhas teorias da conspiração locais.

Por exemplo, há alguns anos o pessoal da empresa de saneamento básico procedeu a uma troca nos registros de consumo de água aqui na cidade de Ponta Grossa. A princípio, algumas pessoas tentaram se opor. Mas não havia razão para isso. Os funcionários diziam que era um procedimento de rotina, que de tempos em tempos era preciso trocar o equipamento, do contrário o funcionamento correto poderia ser prejudicado. Bem, acontece que depois que os registros foram trocados o consumo de água aumentou pra caramba e, também, a conta a pagar. Uma reclamação qualquer e a explicação do funcionário estava na ponta da língua: “É que, com o tempo, o registro tinha acumulado sujeira, o que impedia o cálculo exato do consumo de água.” Uhn... sei... Pra mim, eles trocam o equipamento periodicamente e fazem com que, propositalmente, os preços aumentem. E nós, pobres consumidores, somos obrigados a pagar por isso.

Outra... Sabe aquelas guardinhas que ficam multando os motoristas que estacionam seus automóveis em local proibido ou, simplesmente, não colocam o cartão de estacionamento? Às vezes, a gente estaciona e não vê nenhuma delas... Mas vem o pensamento: “Ah, é só por dois minutos... eu só vou colocar a carta no correio e já volto.” Mas, é quase certo, quando você volta a multa já está sendo aplicada. Lá está ela, uma guardinha, parada, o olhar fixo apenas no papel que tem nas mãos e na placa do seu carro. E então você tenta argumentar, mas ela olha em volta como se não estivesse vendo você.
Minha teoria é que elas não são humanas. Talvez sejam como o Agente Smith, no filme Matrix. Elas assumem o corpo de qualquer pessoa que estiver passando por perto do seu carro logo depois que você estaciona e atravessa a rua. Por isso surgem sem que ninguém perceba. E por falar em não perceber... Afinal, pra onde essas guardinhas vão quando chove? Já reparei que a maioria delas simplesmente some durante a chuva.

E por último... Parece que foi no ano passado... Foi instalada aqui no centro da cidade uma nova torre de transmissão de TV que, em tese, serviria para melhorar o sinal da Rede Globo nos televisores da cidade. Acontece que, para isso, seria necessário que a antena receptora também fosse trocada. Foram feitos anúncios em outdoors, no rádio, na própria televisão. E até mesmo um folheto foi distribuído aos ponta-grossenses, explicando que seria necessária a compra de uma antena VHF, em lugar da antiga UHF, para que o sinal fosse captado de forma adequada.
Assim, milhares foram às lojas de antenas da cidade para comprar a tal VHF que, não acredito que seja coincidência, estava em desconto. O sinal da Globo melhorou um pouco. Mas a mudança de antenas coincidiu (ou não) com a piora na imagem das demais emissoras. Não vou lançar nenhuma teoria aqui. Vou apenas apresentar os fatos: a venda de antenas aumentou como nunca e a imagem da TV continua péssima. O número de técnicos contratados para instalar as antenas nas residências também aumentou. Só sei que foi muito lucrativo para vendedores e instaladores de antenas. E que, muitas vezes, assisto à Globo porque os outros canais estão cheios de chuviscos.

Mas, se alguém tiver uma informação menos especulativa sobre essas coisas, seria bom colaborar como Universo e Afins. Que foi? Tem uma tia que trabalha como guardinha e ela não é como o Agente Smith? Tem um irmão que instala registros de água e te contou toda a verdade? Você é instalador de antenas e garante que não há conspiração nenhuma nessa história... e mais, ainda vai até minha casa arrumar a imagem da TV, sem cobrar nada por isso? Beleza!!

- Desconfie com moderação. -

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