17 de jun. de 2014

Voluntários na Copa

A manhã é de neblina em Ponta Grossa. Os automóveis passam com faróis acesos e bandeirinhas do Brasil tremulando. É o anúncio de mais um dia de jogo do Brasil em meio a uma Copa do Mundo realizada no País. A névoa vai se dissipando, e o centro da cidade começa a ficar povoado. Menos do que nos outros dias, pois dia de Brasil na Copa é feriado para muitas pessoas.

O café também tem movimentação reduzida, o que é bom para garantir conforto a quem tem o hábito de frequentar o lugar. Basicamente duas mesas circulares para duas pessoas, e três ou quatro banquetas junto ao balcão. Uma clientela um pouco maior exigiria que os visitantes excedentes ficassem em pé equilibrando xícara e pires.

Dois advogados entram. Um deles pede um café e um salgado qualquer. O outro, mais baixo e mais falante, pede um café com leite e um pão de queijo. Sentam-se à mesa. O televisor exibe as notícias do dia. O nevoeiro também cobriu toda a cidade do Rio de Janeiro. A bela paisagem também significou o cancelamento de pousos e decolagens lá e em outros pontos do País.

Assim que as nuvens baixas deixam de ser foco principal da reportagem, a Copa do Mundo, assunto do momento em todos os lugares, volta a ser o destaque no programa. E aí o advogado mais baixo começa a falar:

"Sabe o que eu fico mais impressionado? O País precisando de investimentos em saúde e educação, e milhões sendo investidos nesta Copa. Até aí tudo bem... Mas eu não entendo como é que tem um monte de brasileiro que aceita ser voluntário na Copa. Voluntário! Trabalhar de graça por isso?"

Penso a respeito. E recordo que muitos brasileiros só queriam estar perto desses eventos, assistir a um jogo no estádio, ver a movimentação de estrangeiros, poder dizer que fizeram parte de tudo isso um dia. Talvez alguns brasileiros se deixem explorar, ao perceber que essa é a única forma de conseguirem atingir determinados sonhos. Justifica? Não sei, mas com certeza explica como muita coisa acontece.

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