30 de nov. de 2006

Existe algo de especialmente estranho no Universo. Talvez só aconteça comigo (é possível...), mas já reparei que muitas vezes surgem situações que guardam, entre si, alguma relação indireta, porém perceptível.

Ontem me aconteceu algo assim. Na reunião de pauta do início dessa semana, eu tinha me proposto a escrever uma matéria sobre como e quando uma criança pode ter um animal de estimação. Se existe uma idade certa para isso, uma raça de cachorro mais adequada, por exemplo...

Pois bem, à tarde marquei uma entrevista com a veterinária, e estava indo para sua clínica. No caminho, pensava na ironia da situação... Estava indo a uma clínica para consultar uma veterinária. Se dissesse isso em voz alta, soaria engraçado.

Mas fui arrancado desse meu pensamento pelo ruído de um carro que freava bruscamente, na Rua do Rosário, ao lado da praça. Quando olhei para a direção de onde vinha o barulho, enxerguei uma cachorrinha bassê, preta, que já tinha se batido contra o pára-choque, e que rolava embaixo do automóvel.

Em seguida, a bichinha já corria outra vez em direção à praça. O carro voltava a entrar em movimento, e outro ruído ganhava destaque... o choro de uma criança. Era um menino, de cerca de cinco anos, que corria sem rumo e berrava com toda a força. Teria se lançado no meio da rua, talvez com o mesmo destino do animal, se eu e um motoqueiro (agora eles preferem ser chamados de motoboys) não tivéssemos barrado a passagem do guri.

Depois, veio a mãe do garoto. Quando chegou perto, perguntou: “Pra onde ela foi, Luizinho?” Entre soluços, a resposta: “Ela foi... atropelada!”

Minutos depois, conversando com a doutora Larissa Garcia, eu soube que não há uma idade certa para que uma criança tenha um animal, desde que ela tenha a noção de que um cachorro é um ser vivo, e não um brinquedo. Também soube que essa história de que cada ano canino equivale a sete anos humanos é mentira. O envelhecimento do cachorro é irregular, e depende, entre outras coisas do tamanho do bicho. Não sei qual a lógica, mas, quanto maior o cachorro, mais cedo ele envelhece.

Mais tarde, quando cheguei em casa, encontrei sobre o sofá um panfleto que tinham deixado na caixa de correio. Dizia: “ADESTRAMENTO DE CÃES - Obediência Básica, Avançada e Guarda”. O papel mostrava a foto de um Pitbull chamado Kiron (disponível para acasalamento), e finalizava com uma frase que me fez rir: “Lembre-se: quem ama, adestra”.

Pra terminar, no final da tarde meu pai chegou do serviço e encontrou nosso cachorro dormindo tranqüilamente à porta da sala. Logo depois, minha mãe prendeu o cão (que só fica solto no quintal de vez em quando), e meu pai resolveu iniciar uma discussão por causa do modo como tratamos o bicho.

Terminou reclamando porque eu estava me omitindo da conversa. Se soubesse que eu estava pensando em cachorros desde o começo da tarde, talvez ele colaborasse falando sobre gatos ou periquitos.

Enfim, se cada dia tivesse um tema, como num seriado de TV, ontem teria sido um dia para falar de cães. Qual será o episódio de hoje?

Um comentário:

Anônimo disse...

DÉJÀ VU!