Mas, que calor danado faz nesses dias! E olhe que não sou de ficar reclamando do tempo. Acontece que estou evitando enfrentar o sol vespertino, e não sou o único. Anteontem minha mãe pediu ajuda para lavar a calçada em frente de casa, mas estava tão quente que ela preferiu agendar o trabalho para depois das sete horas.
Foi naquele mesmo dia abafado, só que no período da manhã, que minha mãe resolveu que iria aproveitar a promoção em uma das lojas do centro da cidade. E lá fomos eu, minha mãe e meu irmão comprar alguns pares de tênis. Acontece que, além de a loja anunciar a promoção no rádio, ainda colocaram um arco feito de bexigas em frente ao local. Com isso, cada cidadão que passava em frente perguntava: “Ei, o que tá acontecendo aí dentro?” E alguém respondia: “É promoção.”
Foi assim que descobrimos o lugar já entupido de gente. Encontrei a Paula no meio de todas aquelas pessoas, e ela resumiu a situação: “Parece que a cidade inteira de Ponta Grossa está aqui dentro!”
Sei que voltamos com dois pares de tênis e, à tarde, depois das sete, nos determinamos a lavar a calçada. Mas me indignei facilmente com algo absurdamente banal. Todos os conhecidos passavam por mim e faziam a brincadeira mais velha do mundo. Ou uma das mais velhas... (Acho que foi inventada após o advento da calçada.)
“Quero ver tudo bem limpinho, hein?!” (risinhos)
“Depois também pode lavar a calçada lá de casa, tá bom?!” (mais risinhos)
“Vamos, rapaz, use essa vassoura direito!” (outros risinhos)
Até que não dava mais! Cheguei no meu limite e, em meu íntimo, jurei: “A próxima pessoa que fizer piada, vai levar na cabeça...”
O problema é que a próxima pessoa foi a coitada da minha vizinha, Dona Lúcia, que voltava do centro da cidade e não merecia minha resposta mal-educada: “Você é a quarta pessoa que faz essa piada!”, gritei.
Fui repreendido por minha mãe. Mas já estava feito. Acho que Dona Lúcia era uma dessas pessoas que estava no lugar errado e na hora errada. E, claro... que fez a piada errada. Primeiro pensei no lado bom. “Pelo menos essa vai pensar duas vezes antes de repetir a piada.” Depois começou um grande remorso. E, se eu acreditasse em castigo divino, diria que foi o que aconteceu minutos depois.
Faltava uma parte da calçada para terminar o serviço. Minha mãe não conseguia fechar a torneira e eu fui até lá para (em tese) ajudar. Percebi que a torneira parecia estar estragada. Achei que bastaria uma pancadinha sobre o registro, para resolver o problema. Você, provavelmente, já pode imaginar o que aconteceu após a “pancadinha”.
Pois é, quebrei o cano e foi água pra todo lado. Depois de olhares reprovadores de minha mãe e a descoberta de que eu não seria capaz de consertar o encanamento (o que ficaria para o dia seguinte), senti falta de alguém que dissesse: “Tudo bem, isso acontece...” Ou então alguém que fizesse a piada certa, na hora certa.
Pois é, todos cometem erros, e como diz uma amiga: “Você não precisa ser perfeito.” Uhn... esse texto tá ficando cheio de citações. Então, vou aproveitar para comentar as notícias do telejornal.
Vi rapidamente no Jornal Nacional... Durante um encontro entre Lula e o governador do Paraná, Roberto Requião, o presidente começou a falar bem da mamona. Mamona, você deve lembrar, é aquela planta que dá umas frutinhas verdes e que a gente brincava de jogar um no outro quando crianças.
Então o presidente Lula estende um pote de vidro cheio de sementes de mamona, e diz para o Requião: “Olha só, mamona... vocês têm muito disso no Paraná?”
Só que o governador não dá atenção nenhuma ao que o presidente diz. Parece que acabou de desligar o cérebro porque, ao invés de responder à pergunta, ele pega duas ou três sementes de mamona e coloca na boca para saborear.
Nisso, o presidente olha bem pra ele e diz, espantado: “É mamona, pô! Sabia que isso aí tem uma toxina... e que não pode comer?!” Agora, imagina que o governador do Paraná teve que cuspir de volta as sementes. E as câmeras filmando... Não tem como conter o riso numa situação dessas.
Enquanto isso, aumentam os protestos dos muçulmanos contra charges publicadas em vários jornais da Europa, retratando o profeta Maomé. Eu ainda não pude ver as tais charges, mas deve ter sido algo não muito engraçado. Ou, que agora perdeu a graça. Como chargista, fico tentando imaginar o que o autor das tais caricaturas está pensando agora. Acho que aí está o perigo de escrever – ou desenhar – algo, acreditando que não há ninguém prestando atenção. É sempre bom ter em mente que pode haver alguém do outro lado.
E ontem eu estava acompanhando na TV as cenas do momento em que libertaram um empresário seqüestrado no mês passado. Difícil acreditar que o Jornal Nacional conseguiu ir até o local do cativeiro com todo o equipamento e com um repórter, registrando o resgate. Foi sucesso total para a polícia e para a equipe de reportagem. Até o empresário deu entrevista ali, na hora! Parecia uma armação tão grande quanto as fotos da Missão Apollo XI.
Mas tive que dar risada. O empresário parecia relativamente tranqüilo. E o repórter conversou com ele, perguntando detalhes que o empresário tentou responder. Depois, o repórter ainda disse pra vítima: “Ei, amanhã é seu aniversário, não é?” E o cara respondeu: “É sim. Vou festejar com a família! E vocês estão todos convidados!” Nisso, o empresário deu uma paradinha, virou e apontou para os seqüestradores que estavam algemados num canto, e disse: “Menos aqueles ali.”
Depois disso todos riram. E eu ri também, porque me fez lembrar o final dos desenhos do Scooby-Doo, quando todos ficam rindo da situação, e os vilões dizem: “E nós teríamos conseguido se não fosse esse bando de crianças intrometidas e esse cachorro.”
E o cachorro responderia: “Scooby-Dooby-Doo…”
Nessa semana, por razões não muito agradáveis, compareci a um cemitério. Lá encontrei dois amigos (ambos vivos) e, como fazia bastante calor, resolvemos procurar por uma sombra.
_Será que a gente pode sentar no cemitério, ou isso é uma espécie de sacrilégio? – perguntou um deles, apontando para um murinho.
_Acho que não há problema. – respondi – Aqui inclusive tem bancos. – dizendo isso, mostrei um banco de concreto.
Daquele ponto ficamos observando durante algum tempo a vista além dos túmulos (e não além-túmulo). Dava pra ver a catedral da cidade e algumas outras igrejas. Mas acho que não dá pra ficar parado por muito tempo dentro de um cemitério. A gente se sente impelido ao movimento, pra não esquecer da nossa condição de vivos. Assim, algum de nós sugeriu uma caminhada entre os túmulos. E a idéia foi imediatamente aceita.
Paramos diante de uma das antigas sepulturas, onde espiamos a fotografia de uma mulher. E meu amigo soltou essa:
_Mas olha que cara de safada!
Caminhamos mais um pouco e meu amigo parou diante de outro túmulo. Começou a rir enquanto lia algumas palavras sobre a lápide e disse:
_Olha só! Essa é boa: “Família Mortary”...
_Ai meu Deus... Vamos voltar pra sombra, porque com você não tem jeito... – reclamei
Na hora fiz papel de sujeito sério. Mas depois, em casa, confesso que ri ao lembrar dos comentários de meu colega. Só não quis rir na frente dos defuntos. Afinal, é sempre bom ter em mente que pode haver alguém do outro lado.
Foi naquele mesmo dia abafado, só que no período da manhã, que minha mãe resolveu que iria aproveitar a promoção em uma das lojas do centro da cidade. E lá fomos eu, minha mãe e meu irmão comprar alguns pares de tênis. Acontece que, além de a loja anunciar a promoção no rádio, ainda colocaram um arco feito de bexigas em frente ao local. Com isso, cada cidadão que passava em frente perguntava: “Ei, o que tá acontecendo aí dentro?” E alguém respondia: “É promoção.”
Foi assim que descobrimos o lugar já entupido de gente. Encontrei a Paula no meio de todas aquelas pessoas, e ela resumiu a situação: “Parece que a cidade inteira de Ponta Grossa está aqui dentro!”
Sei que voltamos com dois pares de tênis e, à tarde, depois das sete, nos determinamos a lavar a calçada. Mas me indignei facilmente com algo absurdamente banal. Todos os conhecidos passavam por mim e faziam a brincadeira mais velha do mundo. Ou uma das mais velhas... (Acho que foi inventada após o advento da calçada.)
“Quero ver tudo bem limpinho, hein?!” (risinhos)
“Depois também pode lavar a calçada lá de casa, tá bom?!” (mais risinhos)
“Vamos, rapaz, use essa vassoura direito!” (outros risinhos)
Até que não dava mais! Cheguei no meu limite e, em meu íntimo, jurei: “A próxima pessoa que fizer piada, vai levar na cabeça...”
O problema é que a próxima pessoa foi a coitada da minha vizinha, Dona Lúcia, que voltava do centro da cidade e não merecia minha resposta mal-educada: “Você é a quarta pessoa que faz essa piada!”, gritei.
Fui repreendido por minha mãe. Mas já estava feito. Acho que Dona Lúcia era uma dessas pessoas que estava no lugar errado e na hora errada. E, claro... que fez a piada errada. Primeiro pensei no lado bom. “Pelo menos essa vai pensar duas vezes antes de repetir a piada.” Depois começou um grande remorso. E, se eu acreditasse em castigo divino, diria que foi o que aconteceu minutos depois.
Faltava uma parte da calçada para terminar o serviço. Minha mãe não conseguia fechar a torneira e eu fui até lá para (em tese) ajudar. Percebi que a torneira parecia estar estragada. Achei que bastaria uma pancadinha sobre o registro, para resolver o problema. Você, provavelmente, já pode imaginar o que aconteceu após a “pancadinha”.
Pois é, quebrei o cano e foi água pra todo lado. Depois de olhares reprovadores de minha mãe e a descoberta de que eu não seria capaz de consertar o encanamento (o que ficaria para o dia seguinte), senti falta de alguém que dissesse: “Tudo bem, isso acontece...” Ou então alguém que fizesse a piada certa, na hora certa.
Pois é, todos cometem erros, e como diz uma amiga: “Você não precisa ser perfeito.” Uhn... esse texto tá ficando cheio de citações. Então, vou aproveitar para comentar as notícias do telejornal.
Vi rapidamente no Jornal Nacional... Durante um encontro entre Lula e o governador do Paraná, Roberto Requião, o presidente começou a falar bem da mamona. Mamona, você deve lembrar, é aquela planta que dá umas frutinhas verdes e que a gente brincava de jogar um no outro quando crianças.
Então o presidente Lula estende um pote de vidro cheio de sementes de mamona, e diz para o Requião: “Olha só, mamona... vocês têm muito disso no Paraná?”
Só que o governador não dá atenção nenhuma ao que o presidente diz. Parece que acabou de desligar o cérebro porque, ao invés de responder à pergunta, ele pega duas ou três sementes de mamona e coloca na boca para saborear.
Nisso, o presidente olha bem pra ele e diz, espantado: “É mamona, pô! Sabia que isso aí tem uma toxina... e que não pode comer?!” Agora, imagina que o governador do Paraná teve que cuspir de volta as sementes. E as câmeras filmando... Não tem como conter o riso numa situação dessas.
Enquanto isso, aumentam os protestos dos muçulmanos contra charges publicadas em vários jornais da Europa, retratando o profeta Maomé. Eu ainda não pude ver as tais charges, mas deve ter sido algo não muito engraçado. Ou, que agora perdeu a graça. Como chargista, fico tentando imaginar o que o autor das tais caricaturas está pensando agora. Acho que aí está o perigo de escrever – ou desenhar – algo, acreditando que não há ninguém prestando atenção. É sempre bom ter em mente que pode haver alguém do outro lado.
E ontem eu estava acompanhando na TV as cenas do momento em que libertaram um empresário seqüestrado no mês passado. Difícil acreditar que o Jornal Nacional conseguiu ir até o local do cativeiro com todo o equipamento e com um repórter, registrando o resgate. Foi sucesso total para a polícia e para a equipe de reportagem. Até o empresário deu entrevista ali, na hora! Parecia uma armação tão grande quanto as fotos da Missão Apollo XI.
Mas tive que dar risada. O empresário parecia relativamente tranqüilo. E o repórter conversou com ele, perguntando detalhes que o empresário tentou responder. Depois, o repórter ainda disse pra vítima: “Ei, amanhã é seu aniversário, não é?” E o cara respondeu: “É sim. Vou festejar com a família! E vocês estão todos convidados!” Nisso, o empresário deu uma paradinha, virou e apontou para os seqüestradores que estavam algemados num canto, e disse: “Menos aqueles ali.”
Depois disso todos riram. E eu ri também, porque me fez lembrar o final dos desenhos do Scooby-Doo, quando todos ficam rindo da situação, e os vilões dizem: “E nós teríamos conseguido se não fosse esse bando de crianças intrometidas e esse cachorro.”
E o cachorro responderia: “Scooby-Dooby-Doo…”
Nessa semana, por razões não muito agradáveis, compareci a um cemitério. Lá encontrei dois amigos (ambos vivos) e, como fazia bastante calor, resolvemos procurar por uma sombra.
_Será que a gente pode sentar no cemitério, ou isso é uma espécie de sacrilégio? – perguntou um deles, apontando para um murinho.
_Acho que não há problema. – respondi – Aqui inclusive tem bancos. – dizendo isso, mostrei um banco de concreto.
Daquele ponto ficamos observando durante algum tempo a vista além dos túmulos (e não além-túmulo). Dava pra ver a catedral da cidade e algumas outras igrejas. Mas acho que não dá pra ficar parado por muito tempo dentro de um cemitério. A gente se sente impelido ao movimento, pra não esquecer da nossa condição de vivos. Assim, algum de nós sugeriu uma caminhada entre os túmulos. E a idéia foi imediatamente aceita.
Paramos diante de uma das antigas sepulturas, onde espiamos a fotografia de uma mulher. E meu amigo soltou essa:
_Mas olha que cara de safada!
Caminhamos mais um pouco e meu amigo parou diante de outro túmulo. Começou a rir enquanto lia algumas palavras sobre a lápide e disse:
_Olha só! Essa é boa: “Família Mortary”...
_Ai meu Deus... Vamos voltar pra sombra, porque com você não tem jeito... – reclamei
Na hora fiz papel de sujeito sério. Mas depois, em casa, confesso que ri ao lembrar dos comentários de meu colega. Só não quis rir na frente dos defuntos. Afinal, é sempre bom ter em mente que pode haver alguém do outro lado.
4 comentários:
muito boa essa de ver as fotos em cemitérios......... como sou extremamente curiosa, já fiz dessas, hehe
e qnt à torneira, suponho q vc foi delicado ao dar uma pancadinha, hehehe
beijo !!
muito boa essa de ver as fotos em cemitérios......... como sou extremamente curiosa, já fiz dessas, hehe
e qnt à torneira, suponho q vc foi delicado ao dar uma pancadinha, hehehe
beijo !!
Danilo...ainda bem que já conversamos sobre o cano...pq senão eu iria perguntar pra vc se foi com o poder da mente que vc quebrou o encanamento(ei! não confunda poder da mente com poder demente! rsrsr) e essas piadinhas são mesmo de arrasar...aquela que diz "quem senta na ponta paga a conta" é horrível! e o Requião comendo mamona??? essa eu perdi, mas se tivesse visto com certeza lembraira de vc! só de imaginar a cena já dei risada...que mico!!
enfim, é inevitável dizer que eu sinto a sua falta e que estou com saudades das nossas piadinhas..ah! lembrei!! esse lance da caricatura de maomé me deixou mto intrigada... mas ainda não vi o tal do desenho pra ver o tamanho do sacrilégio...mas é só uma caricatura p^! os caras não vêem que o chargista está fazendo marketing de graça?? o mundo só fala nisso...e encontrar os amigos (vivos!) no cemitério foi demais...esse VIVO matou!! mto bom!!
tem coisas que só acotecem com vc mesmo Danilo!! eu sei pq vc me contava essas histórias que só rolam na sua vida...
bjos querido amigo, estou com muitaaaaaa saudade...
até
Lídia
hahahahah adorei =)
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