25 de abr. de 2006

O Evangelho segundo a vizinha

Há cerca de uma semana fui até uma loja com minha mãe, onde ela pretendia comprar algumas toalhas. Comprou seis.
Dias depois, na última quinta-feira, nossa casa foi invadida por um ladrão, que entrou à noite, enquanto dormíamos. Nenhum de nós viu ou ouviu coisa alguma. Felizmente, o malandro não passou da garagem, de onde só conseguiu levar um par de chinelos, um de sapatos, e algumas toalhas que estavam no varal. Dou um prêmio para quem adivinhar quantas toalhas o meliante levou...
Naquela manhã, minha mãe ficou indignada com o nosso cachorro, que foi repreendido por ela, e nem ganhou os afagos habituais. O animal já está velhinho e uma amiga, certa vez, ao ouvir seu latido, sugeriu imediatamente que eu o levasse ao veterinário, porque ele estava rouco. Apesar disso, seu latido ainda é nosso alarme e, por causa de seu silêncio (devia estar dormindo também na ocasião), o ladrão teve maior tranqüilidade.
Desde então minha mãe conseguiu ficar mais paranóica do que eu. Dependendo da situação, ela tranca cada porta por onde passa. E meu pai está se empenhando na instalação de um novo sistema de alarme.

Bem, nesse fim de semana foi feito um churrasco aqui perto de casa. Um pretexto criado especialmente para reunir os colegas de meu tempo de universidade (pouco mais de um ano). Aqui em casa ficaram hospedados meus amigos Glaydson, Márcio e Fernanda. Foi bom relembrar alguns de nossos velhos hábitos, como o de estabelecer discussões sobre temas variados. Não foi durante um almoço no restaurante universitário, mas foi igualmente interessante.
Num desses debates, Glaydson lançou a pergunta: “O que acharam do Evangelho de Judas”? Eu disse que não mudaria muita coisa em minha vida, mas o Márcio fez questão de lembrar que... “se Judas não fosse visto como o traidor de Jesus, os fatos seriam outros, e a própria História seria modificada.”

De fato, é curioso observar que para qualquer breve relato existem diversas versões. E a prova disso veio um dia depois do roubo das toalhas. Minha mãe e meu pai espalharam para os vizinhos a notícia de que um ladrão entrara em nossa casa, e que todos deveriam ficar alertas. E a cada vez que os acontecimentos eram relatados, nosso cachorro era apontado, direta ou indiretamente, como um dos principais culpados pelo sucesso do bandido. Mas foi num desses relatos que surgiu uma nova versão para os fatos.
Minha mãe disse à vizinha que o cão não latiu e, provavelmente, estava dormindo enquanto o ladrão agia. E a vizinha surpreendeu ao informar que, naquela fatídica madrugada, ouviu os latidos roucos de nosso cachorro. Na ocasião, ela acordou e chegou a perguntar ao esposo: “Por que será que o cachorro da vizinha tá latindo?” E a resposta teria sido algo como: “Vai dormir, mulher... esses cachorros latem por qualquer coisa!”
Depois disso, minha mãe percebeu a injustiça que cometeu com o cachorro. Aparentemente ele fez seu trabalho, mas nosso sono era pesado demais para ser interrompido pelos seus latidos roucos.
Agora ele voltou a ser tratado pelo título de “amiguinho”. Realmente, diferentes versões para um mesmo fato podem alterar o resultado final da História. E o Márcio já sugeriu algo para amenizar a rouquidão de meu cachorro:
“Dá umas pastilhas Valda pra ele...”

12 de abr. de 2006

Mas, será mera coincidência?

Tem gente que não acredita em coincidência. São pessoas que acham que o destino está por trás de tudo. Convido essas pessoas, então, a me ajudarem na tarefa de apontar explicações para aquilo que, aparentemente, é obra do acaso. Eu acredito mais em coincidência do que em destino. Mas admito, por experiências próprias, que há coincidências assustadoras.
Por exemplo, o que a novela Malhação tem em comum com o Jornal Nacional? É incrível, mas existe algo que aproxima essas duas diferentes programações. E como eu assisto a um pouco de tudo, posso dizer o que é... Estou falando de duas personagens que, apesar de habitarem diferentes espaços da programação da TV Globo, são muito parecidas.
A novela Malhação traz a personagem “Dona Vilma”, que é a responsável pela lanchonete Gigabyte. Enérgica, está sempre implicando com funcionários, usando seu tom de voz autoritário.
E o telejornal, quando fala de política, traz “Dona Dilma”. Estou falando de Dilma Rousseff, a ministra da Casa Civil. Alguém já notou a semelhança? Os nomes das duas só sofre alteração na primeira letra! Mas, não basta isso. Visualmente, uma é a cara da outra. Óculos, cabelo, e até a voz! Sim, a voz é parecida! Será que Dona Vilma, personagem da ficção, foi inspirada em Dona Dilma? Ou terá sido o contrário?

E por falar em voz... O que os desenhos animados têm em comum com as músicas mais tocadas nas estações de rádio FM? Bem, eu não aprecio muito a canção, mas o fato é que não dá pra ligar o rádio sem ouvir “Glamurosa”.
Pois então, pare e preste atenção na voz do cantor, no momento do refrão: “Glamurosa... rainha do funk...”, ou algo assim. Reparou como a voz é conhecida? É a voz de um personagem de desenho animado que está fazendo enorme sucesso na televisão brasileira: Bob Esponja!
Sim, tudo indica que Bob Esponja e MC Marcinho são a mesma entidade! A voz é muito parecida... Como se não bastasse isso, os desenhos do primeiro personagem são tão sem-sentido quanto as músicas do segundo. Será coincidência? Ou começa a ganhar significado uma frase de autor desconhecido que diz: “Nós controlamos tudo o que você vê e ouve.”?

Estão dizendo que a viagem do astronauta Marcos Pontes não passa de publicidade brasileira. Outros dizem que as experiências que ele fez no espaço (plantando feijões e observando a capacidade de os vaga-lumes acenderem num ambiente sem gravidade) foi bastante útil. Particularmente, acredito que foi uma injeção de idéias na cabeça dos criativos piadistas brasileiros. E eu aproveito uma coincidência para lançar outra Teoria da Conspiração...

Você deve ter notado que a Globo fez a viagem do astronauta parecer o evento do século. O JN deu destaque especial ao acontecimento espacial (sem trocadilhos). Pois então... E não é uma incrível coincidência que Casseta & Planeta voltou a ser exibido justamente nesse momento?
Acho que a emissora deu todo esse destaque à viagem do astronauta, porque Casseta & Planeta precisava ser exibido, mas o pessoal tava meio sem idéias. Então deram a sugestão de transformar Marcos Pontes em notícia. Assim, não faltariam piadas à turma do Casseta.
Acontece que fugiu ao controle, e as piadas atingiram níveis estratosféricos. Se o astronauta ficasse lá em cima por mais tempo, poderiam ter chegado quase à órbita da Estação Espacial. Proliferaram as charges nos impressos e na TV, aumentaram as ironias no rádio, as conversas em praças e bares ganharam novos toques de humor.
Sei que foram 10 milhões de dólares gastos na viagem do astronauta ao espaço. Mas boa parte desse dinheiro serviu para custear, também, o riso dos brasileiros, já acostumados a rir do próprio ridículo. Quando a gente fica muito tempo de mau jeito... amortece.
Vilma ou Dilma?

7 de abr. de 2006

A cada segundo, 70 mil pessoas deixam de ler o Universo e Afins...

Nunca fui muito fã de estatísticas. Poderia simplificar, dizendo que isso ocorre porque matemática não é meu forte. Entretanto, sei que é mais do que isso. A verdade é que nunca acreditei em dados estatísticos, especialmente aqueles que procuram apresentar dados chocantes. Muitas vezes, são informações tristes, desesperadoras ou revoltantes. Mas não consigo me concentrar em nenhuma dessas três características. Quando procuro entender exatamente o que o cálculo diz, ou de que forma foi elaborado, invariavelmente acabo rindo discretamente.
Dado revoltante: ouvi num comercial de TV algo mais ou menos assim... “A cada 15 segundos, uma mulher é vítima de violência praticada pelo próprio marido.” Minha indignação com o fato não durou muito, porque então meu raciocínio lógico tentou adivinhar de que modo tal estatística foi estabelecida.
É óbvio que existem inúmeros casos de violência contra a mulher. Mas todos sabem que pouquíssimos casos de agressão chegam ao conhecimento, por exemplo, da polícia. A mulher raras vezes decide denunciar o esposo. Na maioria das vezes, a informação não passa da casa da vizinha que, meio sem querer, ouviu a briga do casal.
Teria sido uma enquete? “A senhora apanha do marido? Com que freqüência?” Não acredito que tal pergunta tenha sido feita por aí. E se tivesse sido feita, não atingiria dados como esse. Quinze segundos é o tempo, aproximado, que o tal comercial fica no ar. Imagine se isso for verdade! Não sou bom em matemática, já disse. Mas, faça os cálculos...
Uma mulher espancada a cada quinze segundos. Quatro mulheres agredidas por minuto. Duzentas e quarenta mulheres por hora. Cinco mil e setecentas mulheres em 24 horas! Como é que se chega a esses números?

Outro dia eu ouvi um psiquiatra dizendo que 10% da população possui algum tipo de distúrbio psíquico. Acho que ele se referia à população brasileira. Mas dez por cento não é brincadeira! A pacata cidade de Ponta Grossa possui cerca de 300 mil habitantes. Significaria que temos 30 mil pessoas com distúrbios mentais!
Não saia mais de casa, por favor. É pra sua segurança... Sempre achei que tem um pessoal estranho andando pelas ruas. Uns falam sozinhos, outros falam com qualquer um. E outros param em qualquer praça pública e berram para todos os que por ali passam. A porcentagem explicaria muita coisa. O engraçado é que qualquer um pode estar nessa estatística. Não sabemos o nível de distúrbio psíquico que o cálculo leva em consideração. Eu sei que pode incluir, por exemplo, coisas pequenas como medo de altura ou uma leve depressão.
Será que entre esses 10% de desequilibrados não estão alguns dos homens que batem nas esposas? Uhn... Nesse caso até que a estatística dos espancamentos foi modesta. É claro que existe uma possibilidade um tanto curiosa... Entre esses 10% podem estar incluídos os que criam tais estatísticas. E, nesse caso, os cálculos poderiam estar incorretos. E assim, terminamos no paradoxo de sempre. Estatísticas... ou você acredita, ou não. Depende, também, da fé de cada um.

4 de abr. de 2006

3 de abr. de 2006

Aranhas que voam e carros que pulam...

Eu ia escrever sobre isso no dia 1º de abril... Mas achei que o tema já era, por si só, difícil de acreditar. Então vou escrever hoje: Eu vi uma aranha voando. Na verdade, vi uma aranha planando, mas nem por isso fiquei menos chocado.
Saí da cozinha aqui de casa e vi que alguma coisa passou voando em minha frente. Parecia um cisco sendo levado pelo vento. Mas então focalizei o objeto voador, que logo deixou de ser não-identificado. Uma aranha? Acompanhei o bichinho durante cerca de três metros, até que o vi pousar num pequeno muro onde estavam alguns vasos de flor. E então, enquanto via o cisco caminhando próximo às folhagens, confirmei... era mesmo uma aranha! Minúscula, e que conseguia juntar suas patas até que formassem uma espécie de asa.
Então, cuidado... as aranhas aprenderam a voar. Às vezes parece que não falta acontecer mais nada. Mas sempre surge coisa nova.

Acho, inclusive, que vou lançar uma comunidade do orkut, sobre coisas que acontecem aqui em Ponta Grossa. Espero que não interpretem isso como uma espécie de exaltação à minha cidade natal. Mas é que nesse ponto do planeta acontecem algumas coisas, e existem determinadas personagens, dignas de registro.
Hoje, por exemplo, vi no telejornal uma notícia que merece destaque...

Uma mulher dirigia seu automóvel tranqüilamente pelo centro da cidade. Parece que foi na principal avenida – a Vicente Machado.
Eis que ela ouviu um estouro vindo, aparentemente, da parte de baixo do carro. Quando percebeu, seu automóvel tinha levantado do asfalto e subido em um Fusca que estava estacionado na lateral da avenida.
Algumas testemunhas, entre elas o infeliz proprietário do Fusca amassado, dizem ter ouvido o estouro. Quando olharam em direção ao barulho, viram o automóvel se equilibrando em apenas duas rodas, vindo em direção ao velho Volkswagen. A imagem era a mais insólita possível. Um automóvel “rampando” no outro.
Por isso eu penso que Ponta Grossa deve ser uma espécie de Smallville do interior do Brasil. Nossos meteoros de criptonita devem ter caído onde hoje ficam as misteriosas Furnas – três grandes crateras conhecidas também como “Caldeirões do Inferno”, que tanto atraem os turistas.

Mas digo isso sabendo que coisas estranhas acontecem em toda a parte. Os jornais estão aí pra mostrar justamente isso. Agora não começou uma onda de celulares explodindo? Pois é... Escutei o comentário no rádio: parece que o problema é que muitas pessoas não saber usar corretamente os torpedos.
É até irônico... daqui a pouco os fabricantes terão que efetuar o recall dos celulares. Tem como evitar trocadilhos?
A FIFA está proibindo a comercialização de frangos na Alemanha, devido ao perigo de contaminação por gripe aviária, durante a Copa do Mundo. A FIFA proibindo frangos? É claro que Joelmir Beting, no Jornal da Band, não deixou passar o trocadilho, também.
E agora ainda mandaram um astronauta brasileiro pro espaço! Ainda não entendi o que ele vai fazer lá... O mais ridículo que ouvi até agora é que ele vai fazer no espaço uma experiência com plantas. A mesma experiência que crianças farão em escolas aqui na Terra. Ora, então, por que ele não foi fazer a experiência na escola, ao invés de torrar 10 milhões de dólares entre a saída e a reentrada na atmosfera terrestre?
Aliás... tenho quase certeza de que essa experiência sobre crescimento de plantas eu também já fiz quando estudava no primário.

E quer saber... acabo de criar a comunidade no orkut. Por favor, não me deixe sozinho nessa... http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=11183014&refresh=1